As Sete Vibrações da Vida e os Centros de Energia do Ser Humano 

As Sete Vibrações da Vida e os Centros de Energia do Ser Humano 

Aproveitando meu “retiro espiritual” em São José dos Campos, tenho dedicado parte do tempo à reflexão e à meditação sobre questões que, com muita frequência, são trazidas pelos filhos do Núcleo Mata Verde. São perguntas sinceras, próprias de quem busca compreender melhor a espiritualidade e deseja crescer dentro da tradição dos Sete Reinos Sagrados.

É muito comum que as pessoas cheguem ao terreiro trazendo uma bagagem considerável de conhecimentos. Esses conhecimentos vêm do dia a dia, de leituras, cursos, práticas espirituais anteriores e até de outras religiões ou caminhos espirituais. Isso, por si só, não é algo negativo. Pelo contrário, demonstra interesse, curiosidade e vontade de aprender. No entanto, nem sempre tudo o que é trazido pode ser plenamente aproveitado.

Em muitos casos, junto com o conhecimento, chegam também crenças muito rígidas. Algumas dessas crenças, em vez de ajudarem, acabam dificultando o desenvolvimento espiritual dentro da escola da tradição espiritual dos Sete Reinos Sagrados. Por isso, procuro sempre agir com respeito, acolhendo cada filho em seu tempo e em sua história, mas também deixando claro que seguimos um caminho específico, que chamamos de Umbanda Iniciática.

Essa Umbanda Iniciática é estruturada em sete graus, e cada um deles traz aprendizados próprios, que não precisam ser apressados. Além desses sete graus, ainda existem duas etapas, conhecidas como Abá Mirim e Abá Guassu. Trata-se, portanto, de um caminho longo, profundo e contínuo, no qual todos terão tempo suficiente para compreender os conceitos, amadurecer ideias e transformar vivências.

O mais importante, dentro do terreiro, é buscar uma verdadeira renovação espiritual. De nada adiantaria passar sete anos, ou até mais, dentro da casa e continuar, ao final desse tempo, exatamente da mesma forma que quando se entrou. O caminho espiritual precisa gerar mudança, consciência, equilíbrio e responsabilidade.

Algumas questões que surgem ao longo dessa caminhada são graves e exigem muito cuidado. Outras são mais simples, mas todas representam oportunidades para apresentar a doutrina e ensinar seus princípios de forma gradual e responsável. Uma dessas questões, aparentemente simples, mas muito frequente entre os novatos, é a relação entre os chakras e as sete vibrações primordiais.

Muitos chegam esperando uma resposta rápida e reducionista, como se cada chakra correspondesse diretamente a uma única força primordial. Porém, nem sempre é assim. Evito oferecer respostas simples para esse tipo de pergunta, justamente porque, com o tempo e a vivência, os próprios filhos acabam percebendo que os conceitos ligados às sete vibrações são muito mais amplos e profundos.

As sete vibrações primordiais não estão limitadas ao corpo humano ou aos chakras. Elas estão presentes em todo o universo, em todos os seres e em todas as coisas: em um ser humano, em um animal, em uma planta, em uma flor, em uma pedra, em um tecido de determinada cor e até nos elementos espirituais. São forças da Criação, atuando em diferentes níveis e formas.

Durante a reflexão de hoje, senti a necessidade de organizar essas ideias em um texto, sem cair no reducionismo, mas buscando uma linguagem simples e acessível. Por isso, inicio falando brevemente sobre a origem dos chakras, sua quantidade e a existência dos sete principais, conforme são mais conhecidos. Em seguida, tento estabelecer uma relação possível entre esses sete chakras principais e as sete vibrações primordiais, sempre lembrando que essa correlação não é absoluta.

É importante deixar claro que a relação apresentada aqui não possui a chancela oficial da espiritualidade do Núcleo Mata Verde, que é a responsável direta pela apresentação e condução da doutrina. Trata-se de uma reflexão, de um estudo e de uma tentativa de auxiliar na compreensão, respeitando sempre os fundamentos, os tempos e os ensinamentos que fazem parte do nosso caminho espiritual.

Que este texto sirva como ponto de reflexão, e não como uma verdade fechada. Na tradição dos Sete Reinos Sagrados, aprender é um processo contínuo, que acontece com estudo, vivência, humildade e, acima de tudo, com tempo.

Dando continuidade a essa reflexão, considero importante falar, ainda que de forma breve, sobre a origem dos chakras, sua quantidade e o motivo pelo qual, na maior parte dos estudos, se fala principalmente em sete chakras principais.

A palavra chakra vem do sânscrito e significa “roda” ou “centro de movimento”. Esse conceito surge nas antigas tradições espirituais da Índia, especialmente nos Vedas, nas Upanishads e, mais tarde, nos sistemas do Yoga e do Tantra. Nessas tradições, o ser humano não é visto apenas como um corpo físico, mas como um conjunto de corpos ou campos: físico, energético, emocional, mental e espiritual. Os chakras pertencem ao corpo energético, funcionando como centros de troca, organização e distribuição da energia vital.

Os textos tradicionais afirmam que existem centenas ou até milhares de chakras espalhados pelo corpo energético. No entanto, para fins de estudo, prática espiritual e compreensão didática, consolidou-se o conhecimento de sete chakras principais, alinhados ao longo da coluna vertebral, desde a base até o topo da cabeça. Esses sete centros são considerados os mais importantes porque fazem a ligação direta entre o corpo físico, a psique, as emoções e a espiritualidade.

É justamente nesse ponto que surgem muitas dúvidas, especialmente entre aqueles que estão iniciando sua caminhada espiritual. Há uma tendência natural de simplificar demais o assunto, buscando uma relação direta e fixa: um chakra para cada força, uma vibração para cada ponto do corpo. Contudo, dentro da tradição espiritual dos Sete Reinos Sagrados, aprendemos que a realidade é mais complexa.

As sete vibrações primordiais não pertencem apenas ao ser humano. Elas são forças universais, presentes em tudo o que existe, seja material ou espiritual. Um mesmo chakra pode expressar mais de uma vibração, dependendo do estado físico, emocional, mental e espiritual da pessoa. Da mesma forma, uma vibração primordial pode se manifestar em diferentes partes do corpo e da consciência.

Ao tentar estabelecer uma relação possível entre os sete chakras principais e as sete vibrações primordiais, é fundamental reforçar que essa correlação não é absoluta nem fechada, e tampouco substitui o ensinamento transmitido pela espiritualidade do Núcleo. Trata-se de um modelo de estudo e reflexão, criado para auxiliar a compreensão, sem cair em reducionismos.

Com base nas funções corporais, emocionais e psíquicas associadas a cada Reino, e na atuação energética de cada chakra, podemos organizar o seguinte quadro de correspondências:

Chakra PrincipalVibração PredominanteVibração Secundária
Chakra Básico (Muladhara)TerraAlmas
Chakra Sacral (Svadhisthana)ÁguaAlmas
Chakra do Plexo Solar (Manipura)MatasFogo
Chakra Cardíaco (Anahata)FogoHumanidade
Chakra Laríngeo (Vishuddha)ArHumanidade
Chakra Frontal (Ajna)HumanidadeAlmas
Chakra Coronário (Sahasrara)AlmasFogo

Esse quadro ajuda a visualizar como as vibrações se distribuem e se manifestam no ser humano, mas não deve ser encarado como uma regra rígida. Por exemplo, o Reino do Fogo, associado ao calor do corpo, ao sistema circulatório e ao coração, manifesta-se com mais força no chakra cardíaco, mas também aparece de forma secundária em outros centros, como o plexo solar e o coronário. O mesmo ocorre com a vibração das Almas, ligada ao subconsciente, às dependências e aos estados profundos da mente, podendo influenciar vários chakras em momentos de desequilíbrio.

Essa visão mais ampla evita erros comuns, como tentar “corrigir” um chakra trabalhando apenas uma vibração, sem considerar o conjunto do ser. Na tradição dos Sete Reinos Sagrados, aprendemos que o equilíbrio verdadeiro acontece quando há harmonia entre corpo, emoção, mente e espírito, respeitando o tempo de aprendizado e o grau iniciático de cada um.

Por isso, este estudo não deve ser visto como um ponto final, mas como um instrumento de reflexão. Ele convida o médium, o estudante e o filho da casa a observar a si mesmo com mais consciência, percebendo como as vibrações atuam em sua vida, em seu corpo e em seus relacionamentos. O conhecimento, quando bem utilizado, não engessa; ele amplia a compreensão e fortalece o caminho espiritual.

Saravá!

SJC, 30 de dezembro de 2025

Manoel Lopes

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