Umbanda – A vibração Abá Pyatã
A Umbanda é uma religião brasileira, organizada há 113 anos pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas e por Pai Antonio.
Ambos mensageiros de Aruanda, que foram autorizados a revelarem, através do médium Zélio de Morais, esta maravilhosa escola espiritual.
A semente lançada em terra fértil, logo germinou e muitos colaboradores, encarnados e desencarnados, vieram contribuir para a construção desta maravilhosa maneira de olhar a vida.
Uma forma de viver, livre de preconceitos, valorizando e preservando a vida e a natureza, respeitando todas as diferenças e culturas, sem fundamentalismos, combatendo o fanatismo (de qualquer natureza).
Alguns dos princípios da Umbanda são encontrados em muitas culturas e religiões da antiguidade.
Já se disse que umbanda é arte, filosofia, religião e ciência.
A umbanda é o encontro da tradição com a modernidade.
A umbanda não é uma religião somente de adoração a divindades.
Acreditamos em um Deus único, cultuamos os orixás como forças vivas existentes na natureza.
A força dos orixás encontrada na natureza é tradicionalmente conhecida como o Axé do Orixá.
Na Umbanda também consultamos e recebemos orientações dos espíritos (consciências) que habitam outra realidade existencial e que se manifestam em nossa realidade física.
Esta comunicação se realiza através dos médiuns (pessoas que possuem uma alta sensibilidade psíquica) e que funcionam como ”receptores” destas vibrações sutis.
Atualmente a física já fala sobre a pluralidade de universos, admite até a possibilidade de existências vividas em diversos planos existenciais.
Colocamos em prática os ensinamentos recebidos dos espíritos, assim ajudamos e amparamos todas as pessoas necessitadas.
Esta ajuda, muitas vezes, é feita manipulando ervas ou concentrando e dispersando energias existentes na natureza (em nosso meio ambiente).
Estas energias naturais são estudadas, organizadas e sistematizadas, para facilidade de ensino e uso pelos iniciados nestes conhecimentos.
Na doutrina umbandista dos sete reinos sagrados, valorizamos muito o pensamento científico, buscamos agregar o tradicional com o moderno.
Acreditamos que a razão e a emoção devem caminhar juntas na busca da verdade, o caminho do meio é o objetivo a ser atingido.
Qualquer atitude radical, extrema, deve ser evitada, pois muitas vezes leva ao fanatismo que é altamente nocivo.
Buscamos a objetividade, na racionalidade e na sistematicidade das práticas realizadas no Núcleo Mata Verde.
Procuramos sempre nos orientarmos pelos seguintes elementos, que caracterizam o pensamento científico.
Caracterização – Quantificações, observações e medidas;
Hipóteses – Explicações hipotéticas das observações e medidas;
Previsões – Deduções lógicas das hipóteses;
Experimentos – Testes dos três elementos acima.
As sete forças primordiais
Nesta busca do conhecimento espiritual, valorizamos muito o planeta que habitamos e a jornada humana em sua superfície.
Nossa evolução, material e espiritual, caminham juntas pela superfície planetária, Deus vive, os Orixás vivem, a vida é manifestação divina.
Compete a nós entendermos este quebra-cabeça sagrado.
Para isso, de forma sistematizada, dividimos em fases discretas a evolução planetária, associada à ação construtiva dos Orixás.
O conhecimento oral de velhas tradições nos ensina que os orixás atuam na natureza, cada grupo de orixás em determinadas regiões naturais, seja no fogo, no mar, nos rios, no vento, nas matas, as pedreiras etc…
Não existiu um momento único, onde o criador criou o planeta e colocou o ser humano para viver.
Houve um processo criativo, onde o planeta foi sendo construído aos poucos e passo a passo, cada elemento se formando em sua superfície.
É esta ação divina que chamamos de doutrina dos sete reinos sagrados.
O planeta foi construído aos poucos, durante bilhões de anos, mais precisamente 4,7 bilhões de anos, em etapas bem definidas e sucessivas.
Não iremos pormenorizar este processo neste artigo, recomendamos aos interessados que façam os cursos à distância disponibilizados em https://www.ead.mataverde.org
Trabalhamos em nossos estudos e práticas, com sete forças primordiais correspondentes as sete fases construtivas do planeta:
1. Força do fogo – Força Ígnea – Tatá Pyatã – Vibração de Ogum
2. Força da terra – Força Telúrica – Yby Pyatã – Vibração de Xangô
3. Força do ar – Força Eólica – Ybytu Pyatã – Vibração de Iansã
4. Força da água – Força Hídrica – Y Pyatã – Vibração de Iemanjá
5. Força das Matas – Força vegetal e animal – Caá Pyatã – Vibração de Oxossi
6. Força da Humanidade – Força Hominal – Abá Pyatã – Vibração de Oxalá
7. Força dos Espíritos – Força Espiritual – Angá Pyatã- Vibração de Omulu
Embora nossa intenção neste artigo não seja detalhar todas as forças, podemos adiantar que estas sete forças seguem uma sequência, que é a mostrada acima, elas não foram jogadas ao acaso, há uma sequência de manifestação destas forças na natureza e na construção planetária. É uma ação lógica.
Importante chamar a atenção que estas sete forças se manifestam em vários níveis sutis e não somente no material.
Apresentamos para cada força quatro opções de identificação, reparem que existe uma nomenclatura em Tupy, em função da influência muito grande dos Caboclos em nosso Terreiro.
Toda a nomenclatura e estrutura ritualística interna no Núcleo Mata Verde é em Tupy.
Importante lembrar que todas as sete forças primordiais atuam em nossa vida, em nosso cotidiano e interferem praticamente em todas as situações existentes, e muitas vezes é o desequilíbrio de uma destas vibrações que pode levar a uma doença.
Neste texto chamamos a atenção para a sexta força, a força ABÁ PYATÃ, força hominal.
Podemos estudar a origem destas forças no sentido contrário de sua ação original, ou seja, podemos dizer que a força do fogo é produzida pelo fogo e não que o fogo tem a origem na força primordial ígnea.
Utilizando deste recurso didático (invertendo a origem das forças) facilitamos o entendimento da doutrina pelos leigos.
Portanto, podemos afirmar que a força Hominal é a força existente na natureza devido à existência dos seres humanos.
Nós os humanos produzimos uma força, uma vibração, que é própria da humanidade e que chamamos de força Abá Pyatã.
É importante que se entenda que cada uma destas sete forças pertence a uma parte da natureza, a hominal é a força gerada pelos seres humanos.
Durante vinte e quatro horas do dia, vibramos e dissipamos no meio ambiente (material e espiritual) a força Abá Pyatã.
Trocamos esta força (energia) com nossos semelhantes.
Em determinados momentos este envolvimento vibratório é mais intenso — no relacionamento dos casais, no sexo, nas relações sociais e muitas vezes até entre estranhos — mas na maioria das vezes não nos damos conta desta troca vibracional involuntária.
Algumas pessoas mais sensíveis sentem o aumento ou a diminuição desta força, por exemplo: quando encontramos alguém no elevador e depois de alguns minutos nos sentimos fracos, desanimados, com algum mal estar, dor de cabeça, ou ficamos irritados, ou sentimos alguma perturbação mental ou emocional etc…
Outras vezes quando damos um abraço em alguém que temos simpatia, nos sentimos alegres, fortalecidos, animados etc…
Costumamos dizer nos cursos que a força Abá Pyatã é a força dos relacionamentos humanos, quando nos isolamos — por algum motivo — ficamos doentes.
O homem necessita viver em sociedade, se relacionar com outras pessoas. A ausência deste relacionamento, muitas vezes pode causar doenças.
Muitas pessoas estão sentindo, devido à pandemia da COVID-19, o quanto faz mal o isolamento.
Temos acompanhado os relatos de ansiedade, depressão, fobias, tristezas, nervosismo e demais desequilíbrios que muitas vezes chegam até afetar o corpo físico.
A pandemia veio demonstrar na prática o desequilíbrio da força Abá Pyatã, que há muitos anos já estudamos e aplicamos na prática no Núcleo Mata Verde.
Arapé
A força Abá Pyatã é modulada pelas outras seis forças primordiais, ou seja, dependendo do padrão vibratório de cada pessoa, a energia Abá Pyatã, carrega modulações diferentes.
Para conhecer mais sobre o Padrão Vibratório recomendamos que faça o curso existente no EAD, ou leia os artigos que já foram publicados aqui na revista (Blog).
Conforme as características individuais, a força Abá Pyatã carrega estas diferenças, isso pode ser entendido de maneira tradicional (Culto de Nação) com o conceito de filho do orixá, ou arquétipo do orixá.
Na visão tradicional (culto de nação) cada pessoa é filho de um orixá, o que lhe “induz” algumas características daquele orixá.
Quem é filho de Ogum tem as características próprias daquele orixá, quem é filho de Oxum tem as suas qualidades e características, filhas de Iansã as suas etc… Quem já tem tempo nas religiões afro-brasileiras, sabe bem do que estamos falando.
No Núcleo Mata Verde aplicamos uma técnica de cura espiritual que tem como princípio o padrão vibratório de cada pessoa.
Esta técnica é chamada Arapé e utiliza este princípio.
Em outra oportunidade falaremos sobre o Arapé.
Finalizando, lembramos que cada sistema do corpo humano é vinculado a uma destas sete energias, e prováveis desequilíbrios vibracionais, podem ocasionar desequilíbrios físicos, mentais, emocionais e espirituais, produzindo vários tipos de doenças.
Sarava!
São Vicente, 10/08/2021
Manoel Lopes
Obs.: Publicado na revista Umbanda nº32 de Agosto/2021.
Link: https://www.institutomataverde.org.br/revista/
(2)Obs.: Texto revisto em 19/08/2021