Amor, Desafios e Espiritualidade – O Significado de Uma Vida a Dois

Amor, Desafios e Espiritualidade – O Significado de Uma Vida a Dois

Ontem, dia 22 de novembro de 2025, completei 45 anos de casamento com a Elisabete. Para alguns, pode parecer apenas mais uma data no calendário, um número qualquer, um dia que passa como tantos outros. Mas, para nós, não é assim. Aproveitamos para reunir a família, conversar, rir, lembrar do passado e agradecer por tudo o que já vivemos juntos. E, para não deixar esse momento passar sem registro, decidi escrever este texto no blog.

Parece que foi ontem. Eu tinha 22 anos e ela 19. Dois jovens cheios de sonhos, ilusões, dúvidas e vontade de descobrir o mundo. Eu estudava engenharia, sempre com a cabeça na lógica e na ciência, mas já trabalhava como médium umbandista havia cinco anos. Desde que tenho memória, a ciência e a espiritualidade caminham comigo. Sempre me intrigaram, sempre me ensinaram e sempre guiaram minha jornada neste planetinha azul.

A Elisabete apareceu no meu caminho — ou fui eu que apareci no dela? Até hoje não sabemos ao certo. Mas muitas coincidências marcaram o início do nosso namoro, como se alguém lá em cima estivesse dando uns empurrõezinhos. Logo a convidei para conhecer a Umbanda, e ela nem imaginava que, a partir daquele dia, nunca mais iria se afastar da religião. Parecia que tínhamos um encontro marcado, daqueles que a espiritualidade organiza com carinho e propósito. Eu mesmo passei muitos anos acreditando que foi uma armação do Caboclo Mata Verde ou do Exu das Sete Encruzilhadas… talvez dos dois! (risos)

O tempo passou. Os filhos chegaram. Depois vieram mais quatro netos. E, entre alegrias, dificuldades, provações e aprendizados, seguimos sempre juntos. Quem diria? Nós, dois jovens despreocupados, cheios de sonhos e tão alegres, conseguimos construir uma família inteira. As baladas diminuíram, os excessos também, mas a dedicação ao caminho espiritual só aumentou — e muito.

Mas o objetivo deste texto não é apenas contar minha história pessoal. Quero aproveitar essa data especial para falar um pouco sobre o casamento e a família na visão da Umbanda e da Doutrina dos Sete Reinos Sagrados.

Hoje em dia, parece que o casamento está meio “fora de moda”. Construir família então, para muitos, ficou em último lugar. Há uma corrida constante pelas coisas materiais: emprego, promoções, sucesso, dinheiro. A maternidade e a paternidade perderam espaço nessa escala de valores. Os olhos e as mentes parecem mais presos à matéria do que ao espírito.

Mas, na visão espiritualista — e especialmente na Umbanda — o casamento é uma das instituições sociais mais importantes da humanidade. Ele marca um grande passo no progresso moral, emocional e espiritual das pessoas.

No casamento, duas almas se encontram. Muitas vezes, são espíritos que já combinaram antes de nascer os caminhos que iriam trilhar juntos. As dificuldades que enfrentam no dia a dia não são castigos, mas sim oportunidades de crescimento, desafios necessários para evoluir.

Através do casamento, surgem também outras responsabilidades sagradas: a maternidade, o cuidado com os filhos, o amor dedicado aos recém-nascidos, a educação moral e espiritual de novos espíritos que chegam ao mundo. A família é uma pequena escola, onde todos aprendem e ensinam, onde o amor se transforma em prática diária.

Nada disso é fácil. Vivemos em um mundo que muitas vezes parece frio, violento, seco e cheio de distrações. Mas, mesmo assim, é dentro da família — quando existe respeito, união e compromisso — que encontramos força para continuar nadando contra as tempestades da vida.

Por isso, celebrar 45 anos de casamento não é apenas comemorar uma data. É honrar uma caminhada inteira, uma história construída dia após dia, com erros, acertos, fé, amor e espiritualidade. É reconhecer que, juntos, conseguimos muito mais do que jamais imaginamos.

E que venham muitos anos pela frente.

Saravá!

São Vicente, 23/11/2025


Manoel Lopes

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