O templo ancestral de pedra e barro

O templo ancestral de pedra e barro
Hoje eu madruguei. Acordei antes do sol nascer, tomado por um sonho que me deixou cheio de interrogações. Não foi um sonho comum, desses que se perdem ao longo do dia. Ele ficou gravado em minha memória com tanta força que não consegui simplesmente ignorá-lo.
No sonho, eu estava visitando um templo ancestral. A construção era rústica, feita de pedra e barro, como se tivesse resistido ao tempo por séculos. Havia um silêncio profundo no lugar, mas não era vazio; parecia carregado de história, espiritualidade e mistério.
Logo na entrada, encontrei uma imagem esculpida também em pedra ou barro. Era simples, sem enfeites modernos, mas carregava uma força impressionante. Sua forma triangular lembrava, de certa forma, a imagem de Nossa Senhora Aparecida, mas era mais bruta, mais natural, como se tivesse nascido da própria terra.
Enquanto eu saía do templo, estava acompanhado por uma consciência. Não sei dizer se era homem ou mulher. Na verdade, eu conversava mentalmente com ela. O que eu sentia é que se tratava de alguém amigo, alguém que me transmitia confiança. A presença me trazia paz, como se eu estivesse em companhia de alguém que conheço há muito tempo. Talvez fosse meu Eu profundo, uma parte mais sábia de mim mesmo, ou talvez fosse um outro Ser, vindo desse mundo espiritual.
Essa consciência falava coisas que me encantavam. Eu não conseguia absorver tudo, mas cada palavra parecia importante. Havia uma frase, no entanto, que ficou gravada em minha memória como um eco:
“Ela sabe tudo. Pode não ter falado, mas ela sabe tudo.”
Naquele instante, tive a impressão de que ele se referia à deidade representada pela imagem de pedra. A figura sagrada tinha sobre a cabeça um longo colar de pérolas, pérolas grandes e brilhantes, que pareciam guardar um segredo.
Quando já estávamos saindo, algo aconteceu: o colar escorregou da cabeça da imagem e caiu ao chão. Instintivamente, me abaixei para pegá-lo. Eu queria devolvê-lo ao lugar de honra, na cabeça da figura sagrada. Mas no exato momento em que toquei as pérolas, uma faísca elétrica me atingiu. Foi um choque forte, profundo, que atravessou meu corpo e minha alma.
Esse impacto me despertou imediatamente. Abri os olhos e olhei o relógio: eram cinco horas da manhã. Apesar do choque, não senti medo. Ao contrário, estava tomado por uma sensação de alegria e bem-estar, como se tivesse recebido um presente invisível.
Perdi o sono. Normalmente acordo por volta das nove horas, mas hoje não consegui voltar a dormir. Levantei, preparei uma xícara de café e decidi escrever. Eu senti que não poderia deixar esse sonho se apagar na memória. Talvez não tenha sido apenas um sonho, mas sim um contato espiritual.
No Núcleo Mata Verde, chamamos essa outra realidade de Reino das Almas. É o sétimo reino da doutrina que seguimos, um lugar cheio de mistérios e repleto de forças poderosíssimas. Trata-se do mundo espiritual, ainda pouco conhecido pela humanidade, mas que se revela em sinais, sonhos e experiências, como a que vivi nesta madrugada.
Não sei exatamente o que significa tudo isso, mas tenho certeza de que fui tocado por algo maior. Talvez um aviso, talvez um ensinamento, ou talvez apenas a lembrança de que existe muito mais entre o visível e o invisível do que imaginamos.
Encerro por aqui, desejando a todos um bom dia!
Que este relato inspire você a também prestar atenção aos sinais da vida e do espírito.
Saravá!
São Vicente, 01/10/2025 – (06:00 h)
Manoel Lopes
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