Umbanda – Religião do Terceiro Milênio

Umbanda – Religião do Terceiro Milênio
Este texto foi escrito originalmente em 26 de fevereiro de 2021, publicado primeiro em nosso blog e, posteriormente, na revista Umbanda. Optamos por republicá-lo agora, com algumas revisões e atualizações, por acreditarmos que seu conteúdo continua atual e necessário, convidando à reflexão não apenas os umbandistas, mas toda a sociedade.
O Instituto Mata Verde convida todos os irmãos e irmãs de fé — e também aqueles que se interessam pela espiritualidade — a refletirem de forma mais profunda sobre a Umbanda, sua natureza, seus fundamentos e seus propósitos.
Na página principal de nosso site, utilizamos a expressão “Um novo olhar sobre a vida”. Poderíamos igualmente dizer “Um novo olhar sobre a Umbanda”, pois é exatamente esse o sentimento que nos move neste momento: repensar a religião, seu papel no mundo atual e sua contribuição para a vida humana.
Propomos, portanto, uma reflexão sincera:
Qual é a finalidade da Umbanda?
Qual é o sentido da vida humana?
Qual é o nosso papel neste planeta, aqui e agora?
Qual a importância da Terra e de todas as formas de vida que nela habitam?
Na Umbanda, cultuamos forças espirituais profundamente ligadas à natureza. Diante disso, é inevitável questionar:
Qual é a nossa real relação com a natureza?
Quais cuidados temos com a Mãe Terra?
Quais são nossos compromissos com o planeta e com todos os seres que nele vivem?
Como nos relacionamos com as pessoas que compartilham conosco este tempo e este espaço?
Apesar do enorme avanço científico e da rápida disseminação do conhecimento por meio das redes sociais, o ser humano, de modo geral, ainda demonstra uma visão limitada de si mesmo, do planeta e do universo. Muitas vezes, perde-se a noção das relações profundas que sustentam a vida.
Observamos também um empobrecimento dos valores éticos e morais. O orgulho, o fanatismo e o egoísmo passaram a dominar os diálogos — que muitas vezes se transformam em verdadeiros monólogos — tanto nas redes sociais quanto fora delas. Muitas pessoas tornaram-se prisioneiras de bolhas artificiais, criadas por algoritmos que reforçam preconceitos, intolerâncias e visões estreitas da realidade.
Viver, para muitos, passou a ser sinônimo de consumir. A felicidade é buscada de forma ilusória, associada à posse de bens materiais. No entanto, essa busca raramente traz plenitude. O que se encontra, com frequência, é o aumento do estresse, da ansiedade, da depressão e do vazio existencial. Para alguns, Deus foi “descartado”, e qualquer forma de espiritualidade é rejeitada — mas o sofrimento interior permanece.
O consumo e a posse tornam-se, assim, a única finalidade da vida. Um consumismo exagerado, compulsivo e sem sentido, que afeta especialmente os jovens, levando muitos ao desequilíbrio emocional, ao desespero e, em casos extremos, ao suicídio. Organizações internacionais de saúde alertam que o suicídio é uma das principais causas de morte entre jovens em todo o mundo, o que reforça a gravidade dessa crise espiritual e humana.
Nesse contexto, a Umbanda se apresenta como um dos importantes espaços de resistência em uma sociedade cada vez mais desequilibrada e desorientada. Sua visão humanista, fundamentada na caridade, na humildade, no amor ao próximo e no respeito às tradições, oferece um caminho de retorno ao equilíbrio.
A Umbanda ensina que a verdadeira felicidade está nas coisas simples: no servir, no acolher, no amparar aqueles que buscam ajuda nos terreiros, tendas e templos. O umbandista sabe que a felicidade não está no consumo desenfreado, mas no amor que se oferece ao semelhante.
É um caminho simples, porém profundo, sustentado pela humildade, pela simplicidade e pela dedicação ao bem comum. Um caminho espiritual comprometido em ser útil à vida.
Irmãos e irmãs umbandistas, é tempo de união. É tempo de romper os laços negativos que aprisionam consciências, enfraquecem o espírito humano e afastam o ser de sua essência divina.
Vivemos tempos desafiadores. O fanatismo, a agressividade e a intolerância se manifestam de forma cada vez mais livre, enquanto a espiritualidade é frequentemente esquecida. Embora ainda existem espaços de resistência, a sensação é de que uma grande avalanche ameaça arrastar jovens e idosos, todos aqueles que tentam manter valores humanos e espirituais.
Por isso, é urgente uma reflexão profunda sobre a natureza humana, sobre o espírito e sobre o verdadeiro sentido da vida.
A Umbanda é, sim, a religião do terceiro milênio.
Os tempos chegaram.
São Vicente, 22 de dezembro de 2025
Manoel Lopes
Artigo publicado na revista Umbanda – 26 de fevereiro de 2021.
Disponível no site do Instituto Mata Verde www.nmv.org.br

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