Os Sete Reinos Sagrados – A Linguagem Espiritual da Criação

Os Sete Reinos Sagrados: A Linguagem Espiritual da Criação

A criação da Terra e do universo sempre foi um dos maiores mistérios da humanidade. Por séculos, diferentes povos buscaram compreender a origem de tudo: a formação dos céus e da Terra, o surgimento das águas, das montanhas, da vida e da consciência humana. Enquanto a ciência moderna descreve com precisão os processos físicos e biológicos envolvidos nessa formação, a espiritualidade revela os significados mais profundos que sustentam essa criação. Quando ciência, filosofia e religião dialogam de forma harmoniosa, uma compreensão mais ampla e profunda da realidade se abre diante de nós.

Segundo os mestres espirituais que transmitem os ensinamentos no Núcleo Mata Verde, a formação da Terra não foi um acontecimento aleatório nem desprovido de propósito. Ela foi, e continua sendo, resultado da ação de forças cósmicas e espirituais inteligentes. Nessa visão, os Orixás Primordiais são divindades cocriadoras do universo, ou seja, consciências cósmicas que, sob o comando do Criador, a Inteligência Suprema, moldaram e organizaram os elementos que deram origem ao nosso planeta.

A ciência moderna confirma que a Terra possui cerca de 4,7 bilhões de anos. Em seus primórdios, era uma massa incandescente, um caos em formação, resultado da condensação de poeira e gás cósmico após o nascimento do Sol. Com o passar dos milhões de anos, foi se resfriando, formando crosta, atmosfera, oceanos e, por fim, condições para a vida. A espiritualidade explica que cada uma dessas etapas não foi simplesmente fruto do acaso: foram coordenadas por forças espirituais inteligentes, os Orixás Primordiais, que atuaram como “arquitetos cósmicos” na execução da Vontade Divina.

A Doutrina dos Sete Reinos Sagrados apresenta uma leitura espiritual e filosófica desse processo cósmico, nomeando cada uma dessas etapas com símbolos universais que representam forças fundamentais da Criação. São eles: Reino do Fogo, Reino da Terra, Reino da Água, Reino do Ar, Reino das Matas, Reino da Humanidade e Reino das Almas. Cada Reino corresponde a uma fase específica da formação planetária e representa também um princípio espiritual que continua ativo até hoje, sustentando e influenciando a vida na Terra.

Essas sete forças primordiais não são apenas conceitos simbólicos, mas correspondem a leis naturais e espirituais que regem a evolução da matéria e da consciência. A ciência as reconhece de forma física, por meio da energia, da matéria e das leis da natureza, enquanto a religião e a filosofia as interpretam como expressões de um propósito divino.

O Reino do Fogo representa o início da Criação. Há bilhões de anos, quando a Terra ainda era uma massa incandescente, predominava a energia térmica, a força bruta da transformação. Do ponto de vista científico, foi nesse período que a gravidade começou a consolidar a forma planetária, com erupções constantes, vulcanismo intenso e movimentos tectônicos primordiais. Espiritualmente, o Fogo simboliza a centelha divina, o impulso inicial que dá movimento ao universo. Sem fogo não há transformação; sem energia não há criação. Filosoficamente, o Fogo é o símbolo da vontade criadora, a força que rompe a inércia e traz à existência aquilo que antes estava no campo das possibilidades.

O Reino da Terra surge quando o planeta começa a se estabilizar. A crosta se solidifica, os primeiros continentes se formam e surge uma estrutura capaz de sustentar tudo que viria depois. Cientificamente, essa etapa marca a organização da matéria sólida e o surgimento da base geológica do planeta. Espiritualmente, representa estabilidade, segurança, estrutura e permanência. Filosoficamente, é o princípio que permite à ideia se tornar realidade: aquilo que era energia e fogo agora ganha forma concreta. A Terra é o chão sobre o qual toda a vida se apoia.

O Reino da Água aparece quando o planeta resfriado permite a condensação do vapor e a formação dos oceanos. A água é o berço da vida. É nela que surgem as primeiras moléculas autorreplicantes, dando origem à evolução biológica. A biologia comprova que a vida começou em ambientes aquáticos primordiais. A espiritualidade ensina que a Água representa fluidez, emoção e nutrição espiritual, pois toda vida necessita desse elemento. Filosoficamente, a Água é a força que une, conecta e molda, capaz de adaptar-se a qualquer forma, mas sem perder sua essência.

O Reino do Ar se manifesta com a formação da atmosfera. Sem a camada de gases que envolve a Terra, a vida não poderia existir como a conhecemos. O oxigênio, liberado por microrganismos primitivos, preparou o planeta para formas de vida mais complexas. O Ar é invisível, mas é a base da respiração e da comunicação entre os seres. Espiritualmente, representa liberdade, pensamento e expansão. Filosoficamente, é o símbolo do que liga e conecta, daquilo que está presente mesmo quando não pode ser visto. Assim como o ar, o pensamento e o espírito também não são visíveis, mas movem e sustentam a vida.

O Reino das Matas representa a explosão da vida vegetal. A fotossíntese das plantas transformou profundamente a atmosfera, gerando equilíbrio ecológico e condições estáveis para que a vida florescesse. Foi nesse período que surgiram também os primeiros animais, como insetos, aves primitivas e diversas formas de vida que passaram a interagir com a vegetação, formando os primeiros ecossistemas complexos. A biologia mostra que os vegetais foram os verdadeiros arquitetos do ambiente terrestre, criando as bases para o desenvolvimento de toda a cadeia alimentar. Espiritualmente, as matas representam regeneração, equilíbrio e vitalidade. Filosoficamente, simbolizam a interdependência: cada árvore, cada folha, cada ser vivo faz parte de um sistema maior, no qual tudo coopera para sustentar a vida.

O Reino da Humanidade surge com a evolução da consciência humana. Após bilhões de anos de desenvolvimento biológico, a vida alcançou um ponto em que pôde refletir sobre si mesma. O ser humano carrega dentro de si a inteligência e a capacidade de interferir conscientemente na natureza. A ciência comprova que somos resultado de um longo processo evolutivo, mas a filosofia e a espiritualidade apontam para algo mais: somos portadores de livre-arbítrio e consciência espiritual. A Humanidade representa responsabilidade. Com nossa inteligência, podemos criar ou destruir, curar ou ferir, edificar ou arruinar. É nesse ponto que o ser humano se torna cocriador junto dos Orixás Primordiais.

O Reino das Almas representa a dimensão espiritual que permeia toda a Criação. Se para a ciência a consciência é um produto da atividade cerebral, para a espiritualidade ela é um princípio eterno, anterior e superior à matéria. O Reino das Almas não se limita à vida física: ele envolve o mundo espiritual, as memórias da humanidade, os ancestrais, os guias e mentores que inspiram e sustentam nossa jornada terrena. Filosoficamente, representa a transcendência: a certeza de que somos mais do que corpos materiais, de que há um sentido mais profundo em nossa existência.

Cada um desses sete reinos corresponde a uma etapa real e verificável na história do planeta e também a um princípio espiritual. O que chamamos de “reinos” são, na verdade, leis fundamentais da natureza e do espírito. Essas forças não ficaram no passado: continuam ativas e influenciando nossa vida diariamente. O fogo está em nossa força de agir; a terra, em nossa estrutura; a água, em nossas emoções; o ar, em nossos pensamentos; as matas, em nossa vitalidade; a humanidade, em nossas escolhas; e as almas, em nossa espiritualidade.

Quando essas forças estão em desequilíbrio, surgem doenças, conflitos, crises e frustrações. Quando estão em harmonia, geram saúde, clareza, paz e realização. A Doutrina dos Sete Reinos Sagrados nos ensina que a evolução humana não é apenas biológica: é também espiritual. A cada ato consciente, podemos alinhar-nos com essas forças e viver de forma mais plena e equilibrada.

A ciência descreve como as coisas acontecem; a espiritualidade revela por que acontecem. Quando unimos ambas, entendemos que a criação da Terra foi um ato de profunda inteligência, ordem e propósito. A filosofia, por sua vez, nos convida a refletir sobre o sentido dessa criação e o papel que ocupamos dentro dela. Não somos espectadores passivos: somos herdeiros e corresponsáveis por este mundo.

Reconhecer as sete forças primordiais é reconhecer que a vida é sagrada e interligada. Cada elemento da natureza carrega uma vibração espiritual; cada passo humano ecoa no tecido invisível do universo. O fogo nos lembra que tudo nasce de um impulso criador. A terra nos ensina a importância da base firme. A água nos mostra que a vida flui e se adapta. O ar nos conecta e inspira. As matas nos sustentam e curam. A humanidade nos oferece liberdade e responsabilidade. E as almas nos guiam para além do visível, para a eternidade.

Assim, a criação da Terra deixa de ser vista como um simples acaso cósmico e passa a ser compreendida como uma obra divina, planejada e guiada por consciências superiores a serviço do Criador. A Doutrina dos Sete Reinos Sagrados não é apenas uma crença religiosa — é uma forma profunda de compreender a realidade, unir razão e fé, ciência e espírito, passado e futuro.

Ao compreender e respeitar essas forças, nos alinhamos ao propósito maior da existência. Passamos a viver com mais consciência, responsabilidade e amor pelo mundo que nos foi confiado. A criação da Terra não terminou: ela continua acontecendo, dentro e fora de nós, a cada pensamento, a cada escolha e a cada ato que realizamos.

Saravá!

São Vicente, 09/10/2025


Manoel Lopes

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